domingo, 24 de fevereiro de 2013

RANKING MUNDIAL DE QI


Ranking de QI (....???) 2012. O Brasil é o 20°! Falando assim, até q não tá mal, né? MAS tem um monte de vigésimos empatados... e um monte de 19°s, um monte de 18°s, etc. Ou seja: não é "bem" o vigésimo. Sei lá como foi q mediram esse treco.... Mas enfim, a gente se conforma com não estar bem em education, pq "é culpa do governo", mas nos acreditamos um povo inteligente. De nascença! Só q diz aí q não..... Como assim, QI 87??? Somos todos mongos? Antes fôssemos!! A Mongólia tá em 5°!! e não tem um montão empatado em 5°!
--- a propos: Portugal tá em 12°!!!!

Em matéria de América do Sul, Uruguai(11°), Argentina (14°) e Chile (17°) estão em melhor colocação. Bolívia empata.


aff.................... (juro q não fui eu quem baixou a média nacional... :S . )






GEOGRAPHICAL NAMESSpanish Simplified Chinese French German Russian Hindi Arabic Portuguese 
The intelligence scores came from work carried out earlier this decade by Richard Lynn, a British psychologist, and Tatu Vanhanen, a Finnish political scientist, who analysed IQ studies from 113 countries, and from subsequent work by Jelte Wicherts, a Dutch psychologist.

Countries are ranked highest to lowest national IQ score.

Rank
--------
Country
-----------------------
%
-------------
1Singapore108
2South Korea106
3Japan105
4Italy102
5Iceland101
5Mongolia101
6Switzerland101
7Austria100
7China100
7Luxembourg100
7Netherlands100
7Norway100
7United Kingdom100
8Belgium99
8Canada99
8Estonia99
8Finland99
8Germany99
8New Zealand99
8Poland99
8Sweden99
9Andorra98
9Australia98
9Czech Republic98
9Denmark98
9France98
9Hungary98
9Latvia98
9Spain98
9United States98
10Belarus97
10Malta97
10Russia97
10Ukraine97
11Moldova96
11Slovakia96
11Slovenia96
11Uruguay96
12Israel95
12Portugal95
13Armenia94
13Georgia94
13Kazakhstan94
13Romania94
13Vietnam94
14Argentina93
14Bulgaria93
15Greece92
15Ireland92
15Malaysia92
16Brunei91
16Cambodia91
16Cyprus91
16FYROM91
16Lithuania91
16Sierra Leone91
16Thailand91
17Albania90
17Bosnia and Herzegovina90
17Chile90
17Croatia90
17Kyrgyzstan90
17Turkey90
18Cook Islands89
18Costa Rica89
18Laos89
18Mauritius89
18Serbia89
18Suriname89
19Ecuador88
19Mexico88
19Samoa88
20Azerbaijan87
20Bolivia87
20Brazil87
20Guyana87
20Indonesia87
20Iraq87
20Myanmar (Burma)87
20Tajikistan87
20Turkmenistan87
20Uzbekistan87
21Kuwait86
21Philippines86
21Seychelles86
21Tonga86
22Cuba85
22Eritrea85
22Fiji85
22Kiribati85
22Peru85
22Trinidad and Tobago85
22Yemen85
23Afghanistan84
23Bahamas, The84
23Belize84
23Colombia84
23Iran84
23Jordan84
23Marshall Islands84
23Micronesia, Federated States of84
23Morocco84
23Nigeria84
23Pakistan84
23Panama84
23Paraguay84
23Saudi Arabia84
23Solomon Islands84
23Uganda84
23United Arab Emirates84
23Vanuatu84
23Venezuela84
24Algeria83
24Bahrain83
24Libya83
24Oman83
24Papua New Guinea83
24Syria83
24Tunisia83
25Bangladesh82
25Dominican Republic82
25India82
25Lebanon82
25Madagascar82
25Zimbabwe82
26Egypt81
26Honduras81
26Maldives81
26Nicaragua81
27Barbados80
27Bhutan80
27El Salvador80
27Kenya80
28Guatemala79
28Sri Lanka79
28Zambia79
29Congo, Democratic Republic of the78
29Nepal78
29Qatar78
30Comoros77
30South Africa77
31Cape Verde76
31Congo, Republic of the76
31Mauritania76
31Senegal76
32Mali74
32Namibia74
33Ghana73
34Tanzania72
35Central African Republic71
35Grenada71
35Jamaica71
35Saint Vincent and the Grenadines71
35Sudan71
36Antigua and Barbuda70
36Benin70
36Botswana70
36Rwanda70
36Togo70
37Burundi69
37Cote d'Ivoire69
37Ethiopia69
37Malawi69
37Niger69
38Angola68
38Burkina Faso68
38Chad68
38Djibouti68
38Somalia68
38Swaziland68
39Dominica67
39Guinea67
39Guinea-Bissau67
39Haiti67
39Lesotho67
39Liberia67
39Saint Kitts and Nevis67
39Sao Tome and Principe67
40Gambia, The66
41Cameroon64
41Gabon64
41Mozambique64
42Saint Lucia62
43Equatorial Guinea59
North KoreaN/A


Fonte: http://www.photius.com/rankings/national_iq_scores_country_ranks.html

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Lição de Antropologia




O fato é que, em algum momento da luta entre as duas tribos, as omas se extinguiram, desapareceram da face do planeta. Deviam ser frágeis demais, etéreas, delicadas. Com certeza é da lembrança atávica das omas que se originaram certas figuras da mitologia grega: as sílfides, as ninfas, as nereidas.

Naturalmente, esse processo de extinção fez aumentar a rivalidade entre as tribos. Sem suas fêmeas, os machos da tribo das omas se tornaram mais agressivos.
Em toda parte, os mulhos foram sendo extintos por esses machos da tribo inimiga. Simples conseqüência da seleção natural, da lei da sobrevivência do mais forte.

E, durante alguns anos, os sobreviventes de ambas as tribos se examinaram desconfiadamente. Por fim, concluíram que teriam que se ajustar uns aos outros, ou simplesmente deixar de se reproduzir.
Afinal, não existem mulas? Resultado do cruzamento entre jumento e égua, ou entre cavalo e jumenta, as mulas são estéreis. Mas não foi isso que aconteceu neste caso, como resultado do cruzamento entre as fêmeas de uma espécie e os machos de outra: foi como se, em vez de um produto híbrido, o resultado desse cruzamento simplesmente produzisse novos espécimes iguais ao pai ou à mãe, perfeitamente sexuados e capazes de reprodução ad infinitum.

Sem suas suaves omas, os homens vêm há séculos em busca da companheira perfeita.
Criadas para serem servidas e protegidas por seus dóceis mulhos, as mulheres não se conformam em se submeter aos homens, fisicamente mais fortes.
Condenados à coexistência, homens e mulheres, predadores por natureza, digladiam-se tentando inutilmente chegar ao entendimento.

Quem pode entender uma mulher?

Quem pode entender um homem?

Quem pode compreender essa coisa fascinante, o sexo oposto? Quem pode compreender essas criaturas incompreensíveis?

No princípio havia homens e omas, mulheres e mulhos.

É a única explicação possível: que homens e mulheres não sejam macho e fêmea do mesmo bicho.

sexta-feira, 30 de março de 2012

VAMPIROS NA BIENAL

Na Bienal, a jovem escritora passa pelo nosso stand entregando convites para a sessão de autógrafos de seu livro de contos, que se realizará dentro de meia hora. Distribui as filipetas entre as pessoas presentes e deixa um montinho em cima da escrivaninha a que estou sentada.

Uma senhora se aproxima de mim, com o convite na mão.

– “Um Vampiro Atrás da Porta” – lê, com cara de desgosto. – Por que você acha que ela deu esse nome para o livro?

– Não sei ...

Ela insiste:

– Você acha que ela deu esse nome só pra aparecer?

Parece realmente indignada. Contemporizo:

– Não... Deve ser o título de um dos contos.

– Um conto sobre vampiros?

– Metaforicamente, talvez...

– É uma brincadeira? Será que ela não sabe que ninguém deve brincar com isso? Será que é um livro infantil?

– Acho que não. Ela escreve para adultos. Já li contos dela, são muito bons.

– Porque, você sabe, crianças adoram essas coisas de vampiros, desde que fizeram aquela novela...

– É verdade.

(Não estou com ânimo para discutir.)

Ela prossegue:

– Você não acha um absurdo fazerem novela com vampiro?
– É só ficção...

– Mas eles existem, sabia?

Fiz uma cara interessada.

– Existem vampiros vivos e vampiros mortos –, ela asseverou.

– É mesmo? Pensei que eles não morriam.

– Algumas pessoas mortas voltam à Terra como vampiros... daí não morrem mais.

– Ah!

A gente aprende tanto, em uma tarde na Bienal...

– Tem um paciente no hospital em que eu trabalho que é vampiro –, ela contou. – Acho que ele nem sabe disso.

– Como pode não saber?

– Às vezes eles não sabem. Quando são sugados ainda muito pequenos, esquecem. Passam a sugar os outros e nem percebem.

– Mas... ele morde o pescoço dos outros?

– Não! – ela se aborreceu com minha ignorância. – Não precisa morder. Eles sugam a energia da gente.

– Ah, é verdade, tem gente que se aproveita dos outros...

– Não é disso que estou falando! Estou falando de dreno de energia. Sabe o que é isso?

– ... Não...

– Não tem gente que te suga? Que te deixa exaurida?

– Hum...

Fiz uma cara de dúvida. E ela:

– Mas agora eu aprendi a me proteger. Eu via que todos os que lidavam com aquele paciente estavam ficando doentes... Médicos, enfermeiras... Todos! Aí resolvi me proteger. Agora só lido com ele com a mão esquerda.

– E funciona?

– Claro! Ele só pode sugar a energia da gente pela mão direita. Se eu não encostar a mão direita nele, estou protegida.

– Ah!

– Tem uma mulher no meu prédio que também é vampira. Ela era viciada em psicotrópicos e dormia o dia inteiro. Mas quando estava dormindo saía do corpo e ia nos apartamentos dos vizinhos.

– Ia?!

– Um dia percebi que ela estava no meu apartamento. Eu estava vendo TV, distraída, e de repente senti a presença dela.

– Como você percebeu?

– Ora! Como que um cego percebe quando tem alguém na sala com ele? Foi assim, do mesmo jeito. Eu sou sensitiva. Mas na hora em que eu senti a presença dela, peguei o desodorante e fiz assim: tsschhhhh! Bem em cima dela!

Encenou o gesto, empunhando um desodorante imaginário e dando uma sprayzada com o indicador. Arregalei os olhos:

– Puxa!

– E sabe o que ela fez, na hora que eu taquei o desodorante nela?

– O que que ela fez??

– Ela mora bem em frente do meu apartamento, a janela do quarto dela dá pra minha sala. Ela abriu a janela do quarto e deu um grito assim: AAAAAAAAH!

Gritou bem alto. Arregalei mais os olhos. Algumas pessoas que passavam diante do stand nos olharam, curiosas.

– Depois, quando encontrei ela no corredor do prédio, sabe o que aconteceu?

Eu ia arriscar o palpite de que a tal mulher estaria com cheiro de desodorante. Ainda bem que eu não disse essa bobagem. A sensitiva continuou:

– Quando ela passou por mim no corredor do prédio, ela gritou de novo: AAAAAAAAH! Porque lembrou que fui eu quem jogou o desodorante nela...

– Que coisa...

– Pois é. Desde aquele dia ela mudou completamente. Agora ela acorda cedo e vai à igreja todo dia. A igreja lá dela... porque é católica fanática.

Eu diria “fervorosa” em vez de fanática, mas é questão de vocabulário. Concluí:

– Ainda bem que você tinha um desodorante à mão...

– Pois é...

Com esta conclusão filosófica ela se foi, que a Bienal era grande e havia muitos stands a visitar. Mas não deve ter ido à sessão de autógrafos de Um Vampiro atrás de Porta.

(publicado no Bar do Escritor em outubro de 2008)



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Na ARM, a arte é realmente para todos

O artista plástico Rodrigo Mendes começou a pintar aos 19 anos, depois de um acidente que o deixou tetraplégico. A atividade foi tão fundamental para superar suas limitações que ele resolveu dar a outros a mesma possibilidade.

No início, a Associação Rodrigo Mendes (ARM) era inteiramente voltada para deficientes físicos. Mas, depois de Rodrigo e sua mãe, Sonia, tomarem contato com a filosofia de inclusão social da UNESCO, transformou-se em espaço aberto a todos, para que haja convívio entre as diferenças.

A ARM começou no Brooklin, num sobradinho geminado, passou pela Granja Julieta e agora está em casa nova, próxima ao Morumbi. A escola tem transporte próprio, gratuito para os alunos: uma van batizada de Cuca (como na canção infantil, “a Cuca vem pegar”...).


Entrevista com Sonia Maria Hübner Mendes, coordenadora da ARM (2006)


Quando e por que surgiu a Associação Rodrigo Mendes?

Em meados de agosto de 1990, o Rodrigo sofreu um acidente e ficou tetraplégico. Todo o mundo dizia que ele ia ser um vegetal, viver deitado o resto da vida. Como mãe, era doloroso para mim, mas ao mesmo tempo eu tinha que ser forte, porque, senão, como ele iria ficar?

Depois de alguns meses, fomos a uma festa e lá um artista disse que ele poderia pintar com a boca. Era o Luis Carlos, o Luca. O Rodrigo começou a pintar e em setembro de 91 fizemos uma exposição em casa de um amigo. Nesse dia – foi um grande dia, uma noite mágica – ele me disse que queria fundar uma escola. Na época nem pensávamos em Associação. Eu era funcionária pública... Mas achei o máximo. Alugamos uma casa com o dinheiro da exposição. O Rodrigo tinha pintado 60 telas em três meses, vendeu tudo em 40 minutos.


A ARM começou como um curso?

Começou com o nome de Curso Rodrigo Mendes, com 10 alunos. O Luca ficou trabalhando na escola e foi sócio do Rodrigo durante dois anos. Em 1994 fundamos a Associação Rodrigo Mendes.

Nós estivemos em Cuba, o Rodrigo ficou lá trabalhando e fazendo fisioterapia. Quando voltou, fez sua quinta exposição individual. Foi aí que a gente criou a Associação. Percebemos que é difícil trabalhar com deficientes, porque eles têm necessidades especiais. Mesmo os de classe média não tem condições de pagar um curso de arte, porque gastam muito com os tratamentos. Por isso fundamos a Associação, para poder dar oportunidade para essas pessoas.


De onde vieram os primeiros alunos ?

Logo no começo da história o Rodrigo começou a aparecer na televisão e surgiram pessoas que queriam participar do projeto. Nossa idéia não era tratar a deficiência em si, mas dar às pessoas a possibilidade de trabalhar, como o Rodrigo. A Arte deu a ele outra visão, outro jeito de olhar a vida.

De certa forma nós fazemos um tratamento, sim, porque a Arte tem esse efeito terapêutico, mas não é o nosso foco.

Até 1995 só atendíamos deficientes. Mas o aluno vem para este espaço, tudo certinho e bonitinho, depois sai para a rua... e como faz para se integrar? Então, participando de um congresso no Rio de Janeiro sobre Diversidade, entramos em contato com a idéia de Inclusão Social, que já era adotada pela Unesco e é mais do que integração, simplesmente. Na inclusão, os dois lados, a sociedade e o deficiente, trabalham para se integrar.

Essa filosofia é bem perceptível, hoje. Em 95, quando o Rodrigo entrou para a (faculdade) Getulio Vargas, ele teve que se adaptar. Claro que ele contou com ajuda de todos e foi muito bem recebido, fez parte do Conselho da escola... Mas, naquela época, os deficientes tinham muitas dificuldades de acesso. As pessoas diziam: “Nossa, até quando ele vai agüentar?” Na primeira prova ele tirou 10. Agora está terminando o mestrado. Foi uma vitória. O Rodrigo é muito determinado.

Hoje a faculdade é toda adaptada, inclusive no auditório da GV tem uma rampa elétrica que não existia naquela época. Hoje, na GV ou em qualquer lugar, os deficientes têm mais facilidades.


Houve uma evolução na forma como o Brasil trata os deficientes?

Está melhorando, por causa da lei. Existe uma preocupação por parte das empresas, que têm que atender a lei. Isso é uma mudança de cultura. Uma das missões da ARM é promover essa mudança de cultura. O primeiro dificultador é o próprio deficiente. Se ele já nasceu com a deficiência, a família desde de cedo busca uma forma de atender a ele. Mas as pessoas que se tornam deficientes mais tarde têm dificuldade em se aceitar.

Eu não tenho dúvida de que o deficiente, no primeiro momento, tem que ter o apoio de alguém, para ele é uma barra muito grande.



Você acredita que os alunos recebem do Rodrigo uma certa força?

Sim acredito, acredito que é uma força que ele não vê. O Rodrigo ainda brinca, porque a deficiência dele é muito grave. Ele se compara ao Super Homem... (riso) Não é porque sou mãe dele, mas ele está em um outro patamar. Não me considero uma pessoas fraca, mas igual ao Rodrigo... é difícil.


Tem algum aluno daqui que se formou artista profissional?

Temos o Alberto, que manda seus quadros para o Japão, o Wilson e o João Batista.


E qual é o critério para a seleção dos alunos?

Buscamos alunos que tenham o perfil para a atividade artística. Às vezes as pessoas querem um lugar onde o filho tenha uma atividade, identificando-se ou não com ela. Nós buscamos identificação, para que se possa ter um resultado bom para o aluno.

Atendemos instituições como o Cotolengo, na Raposo Tavares, Estrela Nova, Meninos do Morumbi. Temos projetos fechados para atender a um grupo da Fundação Abraghs. Tem uma outra empresa que patrocina outro grupo, os alunos pagam apenas uma taxa. Esses grupos são atendidos também com transporte.


Existe algum projeto para os alunos participarem em atividades fora da Associação ?

Fazemos visitas a museus, teatro, duas vezes por semestre. E existe uma atividade chamada Arte no Muro, que este ano vai acontecer aqui nas proximidades, ainda neste semestre. E há a exposição de fim de ano, além de oficinas. Já atendemos a aproximadamente 700 pessoas.

Vocês seguem algum método para ensinar os conceitos de Arte?

É dificil definir o q é Arte... Mas os alunos têm aulas de História da Arte, aprendem as técnicas. Cada um tira suas conclusões. Existe um trabalho, uma evolução, um processo que é conduzido e os professores vão avaliando. Todos os nossos professores são artistas plásticos. O Alfonso Ballestero, o Arnaldo Bataglini... Alguns alunos têm um desenvolvimento incrível.


O atendimento é individual?

Em geral, o aluno chega com uma idéia do que ele quer fazer. Se não souber, vai experimentando técnicas e depois escolhe um caminho. Depois de algum tempo, ele define seu estilo e o desenvolve, sem deixar de ter contato com outros estilos...


Quais os profissionais que contribuem para o trabalho?

Eu sou pedagoga, o Rodrigo administra. Temos um administrador, empresários, os médicos do Rodrigo, amigos da família e um Conselho, que hoje felizmente é muito participativo. Pessoas ligadas à arte. Também temos professores da FGV e publicitários. Todos são voluntários.



Quais os projetos realizados pela ARM?

Quando começamos, tínhamos vários cursos: bijuteria, artesanato... Tinha teatro, que eu acho fascinante. Mas depois vimos que, para manter a qualidade, precisávamos reduzir o leque. Não tínhamos recursos. Ainda hoje, não temos auxilio do governo, nada. A gente não tem tempo para ir atrás, não temos gente para nos ajudar nesse sentido. Agora estamos tentando obter o título de instituição de utilidade pública.



Vocês conseguiram algum beneficio com a Lei Rouanet?

Sim, tivemos alguns projetos aprovados pela Lei Rouanet.


Como funcionam as parcerias com empresas?

A parceria com a Tilibra, fabricante de cadernos, foi nosso primeiro projeto. Na época, o Rodrigo estava na GV, ele mesmo foi atrás dos donos da empresa. Foi até Bauru, propôs a idéia, um dos diretores gostou... Foi muito legal. Há vários anos nós fornecemos as imagens para as capas dos cadernos da Tilibra, e eles nos pagam 7% do total das vendas. Do que recebemos, 20% vai para o aluno que pintou a obra escolhida.

Cada parceria é diferente. Nós temos um projeto com a Fundação Abadhs, que é de uma família que perdeu a filha, acho que foi um aneurisma. Eles resolveram montar uma instituição para apoiar projetos já existentes. Surgiu o calendário, é legal porque cada instituição tem seus relacionamentos, eles fizeram a base e nós o miolo. O Rodrigo está trabalhando muito com o uso da imagem. A Bauducco fez, no ano passado, cartões de Natal nas caixas de biscoitos. Foi um sucesso, é um projeto que está sendo repetido este ano. Essas parcerias são boas para as empresas, porque dá a elas uma imagem de empresa cidadã, mas não é um patrocínio, é um negócio lucrativo para as duas partes. Nós queremos novas instituições parceiras.


Essa questão de gerar renda é muito importante...

É muito importante, sim, porque gera renda também para o aluno. Nossos alunos são carentes, todos eles. Mas o nosso foco não é gerar renda para os alunos, não prometemos isso. Mesmo porque as obras são escolhidas pelas empresas, nós não interferimos. Nosso foco é no curso em si, que gera um beneficio enorme, uma outra visão de vida, com participação do aluno em uma grande exposição no fim do ano. Este ano vai ser no Sesc Pinheiros. A Associação banca o evento. Recebemos alguma ajuda, mas nunca um patrocínio integral. Hoje temos 100, 170 obras por exposição. Nunca vendemos todas... Só aconteceu isso com a do Rodrigo (risos).



O Rodrigo ter cursado Administração de Empresas ajudou a Associação?

Para ter esse formato, sim. Eu passava muito a minha experiência como educadora em escola da rede pública. E o Rodrigo trouxe essa visão administrativa, que é super importante para a imagem da organização. Eu fiz um curso de capacitação de 2 anos, para entender essa linguagem, porque para mim era complicado. Eu não sabia como captar recursos. A idéia do Rodrigo é de que a Associação chegue a ser auto-sustentável, não sei quando, mas a gente busca isso.


A participação das empresas aumentou?

Aumentou muito com relação a produtos, tem empresa que vêm nos procurar para desenvolvermos um produto. Para a Bauducco, fizemos o cartão por que a empresa teve a idéia. Temos as xícaras, a Hope Cup, o prato das artes...


Quem elabora os produtos?

Temos a Tatiana, que trabalha conosco, e o Rodrigo também trabalha bastante nisso.


Vocês oferecem os projetos ou as empresas os procuram?

Às vezes a gente oferece. A empresa em que o Rodrigo trabalha, a Accenture, tem muitos empresários, e quando fazem reuniões com o Rodrigo, eles vêem o que existe de possibilidade, às vezes se efetiva ou não.



A ARM já ganhou prêmios?

Ah, temos vários prêmios. O Rodrigo já ganhou o de Cidadania Mundial, agora ganhou o iBest de marketing na categoria Responsabilidade Social, ganhou o prêmio FENEAD... Um de qualidade total... Ganhou um prêmio da Hebraica... Nossa, tem muitos prêmios...



Qual a maior dificuldade?

Não sei dizer qual, mas força de vontade e otimismo realmente nunca nos faltaram. Tivemos a sorte de ter o filho que temos. Ele sempre foi muito corajoso e positivo. Acho da máxima importância acreditar. Se você não acredita, isso é o grande dificultador.

domingo, 31 de julho de 2011

TPM



A coisa é assim: as mulheres ficam meio chatas durante três ou quatro dias antes da menstruação, mas depois voltam ao normal e são umas gracinhas, doces e suaves, todo o resto do tempo. Já os homens, como não menstruam nunca, não se livram jamais da tensão.

    É por isso que macho é tão agressivo... Basta comparar a quantidade de homens e de mulheres processados por agressão! Nem precisa ir tão longe: experimente dizer a um barbeiro neurótico em uma briga de trânsito: “Calma.. O senhor está nervoso...”

Mas tudo bem. Afinal, dizem que devemos boa parte do progresso tecnológico às necessidades impostas pelas guerras. E, se dependesse das doces fêmeas, as guerras jamais teriam acontecido. Tudo tem seu lado legalzinho!



segunda-feira, 11 de julho de 2011

SOBRE GLAMOUR, CHARME E QUEJANDOS

Os sinônimos que o Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Hollanda nos dá para charme são modestos: atração, encanto, sedução, simpatia. Convenhamos: nada disso tem as conotações... charmosas... que charme tem. Será que não temos palavra para isso na nossa língua? Ah, sim. Conotações glamurosas (para usar a grafia que aparece no Aurélio. Eu esceveria glamourosas.).

 Mas glâmur (usando a grafia do Aurélio: observem o circunflexo sobre o “a”) é outra palavra estrangeira. Francesa? É o que acreditam 10 entre 10 modetes. Mas não! Um pedantismo às avessas transformou glâmur em glamúr, pronunciada como se fosse, sim, francesa e rimasse com l´amour. Mas glamour é palavra inglesa. De origem escocesa.

Por que será que sua pronúncia se alterou? Ainda há poucos anos todos diziam glâmur: na Sociedade Harmonia de Tênis, em São Paulo, havia anualmente o Baile da Glamour Girl, em que uma moça era escolhida como representante dessa qualidade intraduzível em palavras da nossa língua. Nessa época, ninguém dizia “glamúr”, como dizem hoje os estilistas e os pretensos grã-finos, fazendo biquinho.

Será que não temos, mesmo, palavra nenhuma que expresse “o charme e o veneno da mulher brasileira”? Há cinquenta anos, diriam que ela tinha it. Outra palavra inglesa. Parece que não temos, mesmo, nada que substitua os estrangeirismos, pelo menos neste campo.

Impossível imaginar de onde veio esse uso de it: do inglês é que não foi. Provavelmente a pessoa que pela primeira vez usou esta expressão em português traduziiu ao pé da letra “she has it”, que significa “ela tem”. Virou “ela tem it”. Mais uma vez vamos ao Aurélio: “it. [Inglês], [gíria], substantivo masculino, magnetismo pessoal, encanto”. Este significado jamais ocorreu aos organizadores dos dicionários ingleses: it, em inglês, significa muita coisa (o verbete ocupa mais de uma página no dicionário), mas decididamente não é sinônimo de glamour. Numa construção do tipo “she has it”, o Oxford Dictionary define o uso de it como “vague object, with transitive verbs”. Vague object, “objeto vago”, é figura gramatical inexistente em português. Temos objeto direto e objeto indireto, temos sujeito oculto, mas objeto vago não temos. E, por isso mesmo, a expressão “she has it” é intraduzível.

Voltemos ao glamour. Se os escoceses antigos tivessem com relação aos estrangeirismos os mesmos pruridos que tem o deputado Rebelo, a palavra não existiria. Porque ela chegou à ilha através do... latim! Traduzindo diretamente do Webster´s Word Histories:


“Glamour - Na antigüidade clássica, os ancestrais gregos e latinos da palavra inglesa grammar eram usados não só para indicar o estudo da linguagem mas também o estudo da literatura em seu sentido mais amplo. No período medieval, o significado da palavra latina grammatica e de seus derivados foi ampliado para assumir o significado de aprendizado, de um modo geral. Já que todo aprendizado era feito numa linguagem que a população iletrada não falava nem compreendia, acreditava-se que assuntos como magia e astrologia deveriamser incluídos nesse sentido mais amplo de grammatica. Os eruditos eram vistos com uma mescla de respeito e desconfiança pelos outros homens, posição que certamente tornou mais plausível às platéias dos teatros o comportamento do Dr. Fausto, de Christopher Marlowe, e de Roger Bacon, de Robert Greene, personagens que lidavam com o demônio e dominavam a magia negra.A conexão entre gramática e magia aparece em diversas línguas e, na Escócia, por volta do século XVIII, a forma grammar foi alterada para glamer ou glamour,com o significado de feitiço ou encantamento. Ao difundir-se o uso de glamour, a palavrapassou a significar “uma atração ilusória, misteriosa e excitante, que estimula aimaginação e nos atrai pelo inconvencional, o inesperado, o exótico”. Hoje o significado é simplesmente o de “uma fascinante capacidade pessoal de atrair”.


Se os escoceses tivessem pensado em multar quem usasse palavras estrangeiras (latinas!), nós hoje nem teríamos como designar essa fascinante capacidade de atração.

Observo que mesmo nos filmes americanos a palavra glamour é freqüentemente pronunciada como se rimasse com l’amour, em geral por algum personagem caricatural, acompanhada de floreios de mão. Os próprios anglo-saxões esquecem-se de que a palavra é inglesa: ela tem cara de francesa. Enquanto charm, palavra inglesa de origem francesa, foi adotada pelos ingleses com o significado, segundo o Oxford, de “objeto que tem poder oculto de atrair amor ou admiração; quinquilharia usada como amuleto”. Como verbo transitivo, to charm significa “sujeitar a um feitiço, enfeitiçar, proteger por magia”.

Nos dicionários franceses de 40 anos atrás a palavra glamour não aparece. Nos atuais, aparece em alguns como sendo de origem inglesa. Noutros, não existe de vez. Para os sãotomés da vida, sugiro testar: http://www.cnrtl.fr/definition/charme . Deixei aqui o link para "charme". Tentem encontrar o significado de qualquer palavra francesa: maison, galette, énigmatique.  Qualquer uma. Agora, tentem encontrar o significado de "glamour".


Os franceses, portanto, pelo menos, sabem que a palavra não lhes pertence.